quinta-feira, 8 de abril de 2010

Relatos de caso

SÍNDROME DE MILLARD-GUBLER EM PACIENTE COM ANEURISMA GIGANTE DA ARTÉRIA BASILAR: A PROPÓSITO DE UM CASO
LUCAS VIVIAN GAI - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIALucas Vivian Gai - UFSM; Thizá Massaia Londero - UFSM; Tássia Koltermann - UFSM; Daniel Pascotto Oliveira - UFSM;
INTRODUÇÃO: A Síndrome de Millard-Gubler é caracterizada por paralisia cruzada afetando os membros de um lado do corpo e, a face, do lado oposto. Resulta da lesão da região medioinferior (base) da ponte, comprometendo o tracto corticoespinhal e as fibras do nervo facial. Foi descrita em 1855 por Millard e por Gubler em 1856. É geralmente vista na vigência de tumores do tronco cerebral ou de hemorragias. Esse distúrbio também pode apresentar-se associado à paralisia do nervo abducente, bem como a outras anormalidades neurológicas. O achado dessa síndrome em pacientes com diagnóstico de aneurisma intracraniano é bastante incomum. OBJETIVOS: Relatar o achado de Síndrome de Millard-Gubler em paciente com diagnóstico de aneurisma fusiforme gigante da artéria basilar. DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente feminina, branca, 56 anos de idade, procurou atendimento hospitalar referindo tontura, náusea e hemiparesia à direita. Queixou-se de fraqueza facial com desvio da comissura labial à direita, lagoftalmia à esquerda e disartria. Ao exame físico, notou-se déficit motor leve à direita, sinal de Babinsky à direita, estrabismo convergente do bulbo ocular esquerdo e nistagmo semi-espontâneo. Os achados semiológicos eram condizentes com Síndrome de Millard-Gubler. Foi realizada tomografia computadorizada de crânio, que revelou massa de 25 mm localizada anteriormente à ponte, sugerindo aneurisma fusiforme, gigante, da artéria basilar. Requisitou-se arteriografia seletiva da basilar, o que confirmou a hipótese diagnóstica. A paciente foi referida a hospital de maior complexidade, porém nem o tratamento cirúrgico, nem o endovascular (coil) foram considerados possíveis. Nas semanas seguintes, ocorreu intensificação da perda de força dos membros no lado direito. A paciente apresentava-se sonolenta, com disfagia e perda dos reflexos córneo-palpebral e nauseoso, bem como com assimetria de ombros e pescoço, devido à compressão das estruturas adjacentes pelo grande aneurisma. CONCLUSÃO: O presente relato de caso tem sua importância justificada pela apresentação incomum de um aneurisma intracraniano gigante (que compreende apenas 5% dos achados na doença aneurismática), através da síndrome de Millard-Gubler, o que reforça o papel fundamental da semiologia neurológica para correta suspeição diagnóstica. ANISOCORIA INDUZIDA PELO USO DE SERTRALINAFABRÍCIO DINIZ KLEBER - UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

Asdrubal Falavigna

Universidade de Caxias do Sul; Fabrício Diniz Kleber - Universidade de Caxias do Sul; Alisson Roberto Teles - Universidade de Caxias do Sul; Clarissa Molossi - Universidade de Caxias do Sul; INTRODUÇÃO: Midríase e anisocoria são sinais clínicos comumente associados a emergências neurológicas. Esta condição neurológica também pode ser encontrada em quadros de intoxicação medicamentosa ou uso de medicamentos com ação simpaticomimética, principalmente em clínica oftalmológica. No entanto, a ocorrência de anisocoria decorrente do uso de Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) é um evento raramente relatado na literatura. Barret, em 1994, descreveu o único caso de anisocoria em associação com o uso de sertralina em adultos. Larson et. al. descreveram 3 casos de assimetria pupilar com o uso de ISRS em adolescentes, sendo apenas um destes com o uso de sertralina. OBJETIVO: Relatar a ocorrência de anisocoria com o uso de sertralina e chamar atenção para o fato de que talvez este evento seja mais prevalente do que relatado na literatura. RELATO DE CASO: Anisocoria transitória foi evidenciada em uma jovem de 24 anos de idade após a ingestão de 50mg diárias de Sertralina durante três dias. Esta paciente é estudante do curso de Medicina e iniciou o uso de sertralina devido a sintomas depressivos. Após três dias um colega incidentalmente identificou a assimetria pupilar. Após avaliação com especialista pode-se evidenciar anisocoria onde a pupila esquerda apresentava aproximadamente 8mm e a direita 6mm, sendo mais evidente na luminosidade. Ela não apresentou nenhum outro sintoma além da anisocoria, seu exame neurológico era normal e sua história médica e psiquiátrica pregressa não possuía eventos relevantes. A interrupção do uso da droga restabeleceu a simetria pupilar na paciente após 4 dias. A avaliação de fotos antigas possibilitou a exclusão da existência de tal evento sem a percepção da paciente mesmo antes do início da utilização da droga. Finalmente, passadas seis semanas a paciente retornou com queixa de anisocoria após ter reiniciado a utilização da droga na mesma dosagem. Novamente a anisocoria ocorreu ao final de 3 dias de ingestão de sertralina e reverteu para a normalidade após 2 dias da interrupção do tratamento. DOENÇA DE PARKINSON – CORRELAÇÃO DAS AVALIAÇÕES NEUROPSICOLÓGICA, FONOAUDIOLÓGICA E A ESCALA DE HOEHN E YAHR - RELATO DE CASO
MARIA FILOMENA XAVIER MENDES - HOSPITAL DA LAGOAMaria Filomena Xavier Mendes - INDC- UFRJ; Juliana Lopes fernandes - INDC-UFRJ; Débora Cristine Lopes dos Santos - INDC-UFRJ; Aline Fernandes da Costa Ribeiro - INDC-UFRJ; Simone Palermo - INDC-UFRJ; Izabel Cristina Constantino Bastos - INDC-UFRJ; Cristina Maria D Wigg - INDC-UFRJ;
A Doença de Parkinson (DP) é uma das patologias neurológicas mais freqüentes, ocorrendo geralmente em pacientes com idade superior a 60 anos, acometendo 1% da população acima dos 65 anos de idade. O diagnóstico clínico se baseia na presença de bradicinesia, tremor de repouso, rigidez e instabilidade postural. É uma patologia interdisciplinar na sua abordagem e tratamento. O objetivo é correlacionar dados das avaliações neuropsicológica, fonoaudiológica e da Escala de Avaliação Unificada para a Doença de Parkinson (UPDRS) com a escala de Hoehn e Yahr tendo como proposta avaliar a existência de alterações da linguagem e/ou das funções executivas nos estágios precoces da DP. Foi selecionado um paciente com diagnóstico neurológico de DP com a finalidade de relato de caso, do sexo feminino (MC), 51 anos, nível superior, em acompanhamento no ambulatório de distúrbios do movimento do INDC / UFRJ, com evolução dos sintomas superior a cinco anos. A paciente apresentava quadro de bradicinesia, tremor de repouso em MSD e hipomimia. Foram aplicados: MEEM Wisconsin Card Sorting Test, Protocolo Montreal-Toulouse, vocabulário de Boston, fluência verbal, compreensão de sentenças gramaticais, compreensão de material ideativo complexo e interpretação de metáforas, escala de Hoehn e Yahr e Escala de Avaliação Unificada para a Doença de Parkinson UPDRS. M.C. apresentou MEEM normal (28 pontos) e desempenho médio inferior no WSCT, indicando dificuldade na função executiva, habilidade de associação e planejamento. Na avaliação fonoaudiológica, M.C. teve desempenho adequado à sua faixa etária e nível de escolaridade na maioria dos aspectos da linguagem que foram avaliados; apresentou boa capacidade de planejamento, abstração, julgamento, e flexibilidade de raciocínio, além de rapidez e precisão no acesso lexical, UPDRS igual a 40 (0-147) e escala Hoehn&Yahr no estágio I (I-IV). As avaliações não mostraram disfunções nos vários aspectos da linguagem avaliados. Destacamos o comprometimento no WSCT, corroborando citações da literatura no concernente a alterações precoces da função executiva na DP.

INTERFACE NA MEDICINA: RELATO DE CASO DE COMORBIDADE DE TAB X DERMATOPOLIMIOSITE
Igor Marcanti dos SantosCaroline Menta - UFCSPA; Igor Marcanti dos Santos - UFCSPA; Fernanda Rasia - UFCSPA; Leandro Ciulla - UFCSPA; Luciana Lopes Moreira - UFCSPA; Tiago Hartmann - UFCSPA; Ana Freitas - UFCSPA; Analuiza Camozzato - UFCSPA; Cláudia Godinho - UFCSPA;
Relato de caso: G, 50 anos, feminina, parda. Hipertensa crônica, há 6 meses com diagnóstico de dermatopolimiosite, confirmado por biópsia muscular. Internou em unidade clínica por piora da força motora em membros inferiores e diminuição de sensibilidade em cintura pélvica, piora relacionada à má aderência aos imunossupressores (azatioprina e prednisona). Apresenta diagnóstico prévio de transtorno afetivo bipolar (TAB), em uso há 3 anos de carbamazepina 400mg/dia, carbonato de lítio 600mg/dia, citalopram 40mg/dia e diazepam 10mg/dia se insônia. Devido à queixa de redução da sensibilidade pélvica, foram suspensas a carbamazepina e o citalopram pela equipe clínica, motivando a interconsulta psiquiátrica. O interconsultor confirmou o diagnóstico de TAB episódio atual depressivo grave com sintomas psicóticos além de ideação e plano suicida. Foi indicada internação psiquiátrica, sendo estabelecidas medidas protetoras anti-suicídio e o tratamento farmacológico com reinício do citalopram 20mg/dia, introdução de risperidona 1mg/dia e ajuste de carbonato de lítio para 900mg/dia. Recebeu diazepam 5 mg para insônia. A risperidona foi gradualmente aumentada até 3 mg/dia, com melhora parcial das alucinações e estabilização do humor. Foram feitas intervenções psicossociais para o gerenciamento pós-alta e readaptação a uma vida produtiva. Conclusão: Uma relação direta entre dermatopolimiosite e TAB não foi encontrada na revisão da literatura, possivelmente devido ao baixo índice de comorbidade entre as mesmas. Pesquisa nas bases de dados online Pubmed e Bireme evidenciou escassez de estudos sobre esta correlação. Devido ao potencial de graves consequências e difícil tratamento que ambas situações impõem ao paciente, o estudo desta comorbidade incentiva a procura por melhores formas de abordagem terapêutica para este subgrupo de pacientes.
DOENÇA DE DEGOS - RELATO DE CASOBERNARDO DIAS TAMS - UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

Adroaldo Baseggio Mallmann - UPF; Bernardo Dias Tams - UPF; Pedro Biasi - UPF; Anderson Deliberal - UPF; Tiago Ernesto C. Fabris - UPF;
Resumo: A doença de Degos é uma rara afecção multissistêmica, com lesões cutâneas próprias e infartos no sistema nervoso central (SNC) e trato gastrointestinal. O primeiro caso foi descrito como uma variante da tromboangeíte obliterante. RELATO DE CASO: JPT, 42 anos, feminina, branca. Iniciou com manchas claras na pele, inicialmente em abdômen, espalhando-se pelo corpo. Evoluiu com paresia progressiva em membros inferiores, desequilíbrio, hipoestesia em hemicorpo esquerdo, desvio nasal do olhar à esquerda e perda esfincteriana. Apresentava manchas características por todo o corpo, paralisia bilateral de 3º, 4º e 6º nervos cranianos, Babinski bilateral, hipoestesia à esquerda, tetraparesia, disartria e dismetria em membro superior esquerdo. RNM do encéfalo mostrou alterações isquêmicas subagudas múltiplas. Endoscopia digestiva alta revelou gastrite severa e duodenite. SPECT sugeria doença vascular das artérias cerebrais anterior e média. A angiografia com áreas de estenose em ramos Sylvianos direitos. Biópsia de pele compatível com doença de Degos. Os demais exames complementares foram normais. Esta é uma doença de quadro clínico variável. Inicia por lesões de pele de aspecto característico, assintomáticas ou pruriginosas. Pode acometer os olhos, SNC, aparelhos digestivo, cardiovascular, respiratório, urinário e osteoarticular. No SNC há estenose de pequenas e médias artérias. Lesões gastrointestinais ocorrem em 50% dos casos. O exame histopatológico mostra necrose da derme em cone, com ausência ou pequeno número de células inflamatórias. São diagnósticos diferenciais vasculite alérgica, LES e tromboangeíte obliterante. O tratamento tem pobre resposta. Esta paciente apresenta sintomas neurológicos e gastrointestinais em conjunto, ao contrário do relatado classicamente. A sobrevida média é de 2 ou 3 anos. O tratamento, ainda muito controverso, não foi administrado.

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